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Projeto Escolas Vivas realiza residência artístico-pedagógica junto à comunidade do Buraco d'Água, em Alagoa Nova (PB)
Nos dias 22 e 23 de março, a comunidade do Buraco d’Água receberá mais uma vez a equipe de pesquisa do projeto “Escolas Vivas: pedagogias territorializadas e materiais didáticos diferenciados para promoção da interculturalidade como política de educação pública”. A pesquisa-ação é realizada pela atuação em rede das universidades UFPB, UFBA, UFNT, UFSB e UFAC e viabilizada pelo edital Pró-Humanidades (nº 40/2022).
Desta vez, a visita à comunidade localizada na zona rural de Alagoa Nova (PB) se estenderá por um final de semana inteiro, com uma programação que envolve a comunidade do Buraco d´Água e a cidade. Na ocasião, haverá a apresentação de materiais didáticos e artísticos produzidos durante o projeto, em coautoria com a comunidade e seus mestres. Entre esses materiais, estão o cordel “Zabumba Adormecida” e o documentário “Escolas Vivas do Buraco d’Água”, que registram e acompanham uma transmigração de conhecimentos em um território repleto de estórias e histórias marcadas pela resistência da cultura originária e afro-diaspórica que pulsam no brejo da Paraíba.
A etapa, desenvolvida pela UFPB em parceria com o grupo de pesquisa Tessituras Negras, teve início em 2023 e é coordenada pelas professoras Dra. Carolina Fonseca, do Departamento de Artes Visuais, e Dra. Fabiana Carneiro, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, que assim descrevem essa relação com a comunidade:
“Num entrever e não ver o Buraco d'Água, ver e sentir, sentir e não ver, como lições apreendidas no contato com a imensidão das afrografias inscritas como gesto e palavra, explícitos, e também codificados, pela exigência sempre alerta e em vigília, de que contar, partilhar e revelar os seus saberes é feito de risco. Os riscos cintilam, assim, como constitutivos da natureza de cada escola viva. E das alianças com elas. O curso das águas do Buraco d'Água nos diz das aporias e constrições da universidade-instituição em face a essas epistemologias, reconhecidas sob a rubrica de 'outras'.”
Segundo Thaís Lira, estudante e bolsista do projeto, as vivências despertaram o olhar para a ancestralidade e ampliaram seus conhecimentos acadêmicos. “Reconhecer e aprender com as Escolas Vivas nos afeta de forma a reacender memórias e sensações. Aprendi sobre a terra e sobre um território, sobre histórias que atravessam minha ancestralidade. E isso eu não poderia aprender em nenhuma sala de aula. Escolas Vivas são vivências pela oralidade e pelo sentir”, relata.
Matheus Ferreira, estudante de história, liderança jovem da Comunidade do Buraco d´Água e bolsista de Iniciação Científica do projeto, também compartilhou sua visão sobre a importância da iniciativa:
“Assim como as outras cidades daquela região, Alagoa Nova vem passando por um processo de fechamento de escolas do campo muito agressivo. E antes, quando as escolas ainda estavam abertas, a educação institucional não dialogava com os saberes tradicionais. E muitos saberes foram se perdendo. Então, o projeto tem essa importância de colocar os mestres e mestras dos saberes populares em comunicação com a comunidade, a sociedade em geral e a escola tradicional”.
Confira a programação completa abaixo:
22/03/2024 (Sexta-feira):
23/03/2024 (Sábado):
Para mais informações, entrar em contato através do e-mail: caca.fonseca@gmail.com ou perfil do Instagram @tessiturasnegras.
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Texto: Carolina Fonseca e Thaís Lira (coordenadora e bolsista do projeto, respectivamente)
Edição: Hugo Ximenes e Valentina Rocha (bolsistas da Assessoria)