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Terra em cinzas: as queimadas de 2024, no Caminhos da Reportagem
Caminhos da Reportagem
No AR em 21/10/2024 - 23:30
O Brasil sufocou em 2024, um ano de quebra dos piores recordes de queimadas do país. Ano em que também as temperaturas alcançaram os maiores níveis e uma seca prolongada cooperou para que o fogo se alastrasse rapidamente. Um rastro de destruição que chegou às cidades, em forma de incêndios, mas também de fumaça, fazendo o Brasil estar entre os piores índices de poluição do ar ao longo de vários dias.
O ano de 2024 foi o que registrou mais focos de queimadas desde 2010, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O coordenador de manejo integrado do fogo do ICMBio, João Morita, afirma: “não existe fogo espontâneo, ele não nasce do nada só porque está quente ou porque está seco, sempre há uma ignição, em qualquer bioma brasileiro”. A mão do homem foi a grande responsável pela destruição vista este ano.
Até o início de outubro, 49,2% das queimadas do país ocorreram na Amazônia, um total de 381 mil km² devastados pelo fogo, o que equivale a uma área maior que o Japão. Para compensar todo o dióxido de carbono lançado na atmosfera nesse período, seria necessário plantar 1,26 bilhões de árvores, que levariam 20 anos para absorver todo esse carbono.
Um dos maiores climatologistas do mundo, o cientista brasileiro Carlos Nobre, traz previsões trágicas se não conseguirmos reverter o quadro atual. “Nós já temos 18% da Amazônia desmatada e estamos muito próximos do ponto de não retorno. A estação seca da floresta já está de 4 a 5 semanas mais longa em 40 anos, uma semana por década. Mais 2 ou 3 décadas, ela atinge 6 meses e não se mantém mais a floresta”, anuncia.
O Cerrado foi o segundo bioma com maior número de queimadas, com 32,3% dos focos de incêndio do país. Um dos grandes incêndios ocorreu no início de setembro, na capital do país. A Floresta Nacional (FLONA) de Brasília ardeu por 5 dias e teve 45,85% do território destruído. Durante dias, a fumaça se espalhou pela cidade. “Foi um incêndio que ocorreu, na minha avaliação, de forma criminosa, intencional. Foram 2 focos de incêndio, com 3 quilômetros de distância, e as frentes se encontraram, os animais foram jogados diretamente no fogo" , afirma Fábio Miranda, diretor da FLONA de Brasília.
O pesquisador Luiz Aragão, do INPE, afirma que no Cerrado o fogo ocorreu principalmente em grandes fazendas. “Quase 40% dos focos ocorreram em grandes propriedades rurais e 30% em áreas naturais. O que pode estar ocorrendo é um processo de desmatamento ou também de fogo que perde o controle e se alastra sobre áreas de proteção natural”, analisa.
O bioma que teve o maior aumento percentual foi o Pantanal, com 1.267% mais focos de incêndio entre janeiro e começo de outubro, comparando o mesmo período em relação a 2023. O climatologista Carlos Nobre faz outra previsão trágica: “os estudos indicam que se o aquecimento global continuar, se continuar o desmatamento da Amazônia e do Cerrado, a gente vai zerar o Pantanal entre 2070 e 2100”. E enfatiza o que é preciso fazer: “para a gente salvar o planeta, não tem solução natural, nós teremos que fazer alguma coisa”.
Ficha Técnica
Reportagem - Marieta Cazarré
Apoio à reportagem - Ana Graziela Aguiar
Produção - Patrícia Araújo
Apoio à produção - Cleiton Freitas
Reportagem cinematográfica - Rogério Verçoza
Apoio à reportagem cinematográfica - Alexandre Nascimento, André Pacheco
Auxílio técnico - Edvan Viana
Apoio ao auxílio técnico - João Batista de Lima, Alexandre Souza e Raimundo Nunes
Edição de texto - Carina Dourado
Edição e finalização de imagem - Márcio Stuckert
Acompanhe o Caminhos da Reportagem desta segunda-feira (21), às 23h30, na TV Brasil (afiliada em João Pessoa, TV UFPB, canal aberto 43.1).
Este programa foi realizado com o apoio do Governo do Mato Grosso do Sul, ICMBio/PrevFogo - IBAMA, Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal - Gretap/MS, Zoológico de Brasília, Instituto Arara Azul e Refúgio Instituto Caiman, que cederam imagens para a TV Brasil.
Com informações da TV Brasil