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Escrevendo academicamente
Estudantes aprendem a produzir textos acadêmicos de forma dinâmica
Escrever é uma arte, mas há quem tenha medo de expressá-la, seja devido aos receios de errar ou ao sentimento de incapacidade diante da tarefa de elaborar textos, principalmente os científicos, como artigos e teses acadêmicas. Entretanto, há também aqueles que buscam ultrapassar essa barreira, muito comum na vida de estudantes universitários, e auxiliá-los na produção de trabalhos coerentes e precisos.
A equipe do projeto “Estimulando a Escrita Acadêmica para a Área de Humanas", que objetiva levar aos estudantes conhecimentos de fácil compreensão sobre os textos acadêmicos, oferece, aos discentes dos cursos de Ciências Humanas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), duas vezes ao ano, um curso voltado para a discussão teórica e atividades práticas referentes à produção textual de trabalhos científicos.
Uma pessoa que faz questão de falar do projeto é Felipe Soares, graduado em Ciências Sociais e um dos beneficiados com as atividades. Na concepção dele, os debates promovidos contribuíram para superar as dificuldades que ele tinha de produzir textos acadêmicos. "O projeto promoveu maior senso de pertencimento com relação à escrita e à própria pesquisa, na medida em que desmistificou este processo acadêmico, tornando-o muito mais pragmático, fruto de um esforço possível e distanciando-se de uma dita genialidade", alegou.
Se, para Felipe, aprender uma nova forma de enxergar a escrita científica foi um avanço no desenvolvimento pessoal e profissional dele, para Surya Pombo, docente do Departamento de Habilitação Pedagógica e coordenadora do projeto, a sensação é de que o dever está sendo cumprido. Ela contou que o projeto surgiu da observação das enormes dificuldades de escrita que assolam os universitários e da vontade de contribuir para a melhoria dessa situação.
"Com o intuito de buscar essa melhoria, nós fornecemos instrumentos teóricos para que as/os estudantes possam aprimorar seus escritos, com a sugestão de livros, sites, blogs sobre escrita em geral e escrita acadêmica em particular e realizamos correções coletivas de textos produzidos pelas/os participantes do curso", relatou Surya.
As atividades do projeto acontecem semanalmente, na sala do NEABI/UFPB, das 17 às 19 horas. Durante esses encontros há uma parte teórica, sobre temas como técnicas de escrita, tipos de produção escrita na academia, principais erros encontrados em textos da área de humanas. "Além disso, as pessoas são instadas a escrever. Inicialmente textos sem muita organização, depois resumos, depois introdução, depois o texto completo", contou.
Seja num maior ou menor grau, escrever continua sendo um grande desafio para os universitários. Segundo os dados do Indicador de Analfabetismo Funcional de 2012, dos que têm ou estão cursando um curso de graduação, 38% não possuem alfabetização plena, isto é, apresentam dificuldades para lidar com textos mais longos e específicos.
Os membros do projeto veem nas atividades realizadas uma forma de diminuir esse índice, ajudando os estudantes na prática da escrita e, ao mesmo tempo, preparando pessoas para compartilhar os conhecimentos obtidos.
Uma das pessoas envolvidas nessas atividades é Edvaldo Lira, graduando do 6º período em Letras Inglês e bolsista do projeto. Ele expressa a satisfação com os resultados alcançados e por fazer parte da equipe. "Estamos na segunda edição do curso de Escrita. Quando estávamos discutindo os resultados obtidos na primeira edição, mencionei o quão importante foi para mim o contato com pessoas de diferentes áreas; diferentes semestres e pessoas da pós-graduação. Esse contato nos proporciona uma rica construção e troca de saberes e conhecimentos. Acho muito importante e essencial para formação ", disse.
Além do estímulo à elaboração textual dos discentes, o projeto busca, em cada um deles, o talento contido e, por muito tempo, não demonstrado. Do artigo científico ao Trabalho de Conclusão de Curso, a escrita é tida como a expressão do pensamento e fruto de pesquisas. Contudo, muitas vezes é necessário um auxílio para que o processo torne-se produtivo e proveitoso. E essa é a principal meta da equipe, composta por docentes e discentes visionários, que não só proporcionam à comunidade acadêmica aprendizados básicos que podem servir para o desenvolvimento pessoal e profissional de seus membros, como dá a oportunidade de muitos estudantes transformarem o receio de utilizar lápis, papel e teclado numa chance de dominarem a técnica, aprender, escrever e construir a própria história.
* Reportagem de Raian Lucas - Bolsista PRAC (2018)