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Hortas para a liberdade

publicado: 08/07/2020 15h18, última modificação: 08/07/2020 16h05

Hortas agroecológicas como instrumento para ressocialização de apenados

O projeto de extensão “Hortas para a Liberdade” é uma ação que propõe o plantio de hortaliças como forma de educação profissional e reinserção social de detentos nas unidades prisionais no interior da Paraíba. Vinculado ao Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA), do Campus III, da UFPB, o projeto já está no quarto ano de atuação. 

A iniciativa surgiu de uma ideia de Lucas Brás e Sérgio Siddney, discentes do curso de Agroecologia da UFPB. Os estudantes enxergaram a dificuldade de ressocialização nas penitenciárias do interior paraibano e buscaram, através dos conhecimentos adquiridos na Universidade, uma alternativa para minimizar o problema. Para isso, dialogaram com docentes da Instituição para desenvolver o projeto através do edital PROBEX. 

Em 2016, a atuação teve início na Cadeia Pública de Bananeiras, sob a coordenação do professor Alexandre Eduardo. Através do uso de materiais recicláveis, como pneus e garrafas plásticas, os reeducandos introduzem o plantio de hortas agroecológicas nos espaços em desuso na unidade prisional. Para participar do projeto, esses apenados passam por uma triagem realizada pelos gestores da penitenciária, em que aspectos como bom comportamento, reincidência e gravidade do crime são avaliados. 

Além da possibilidade de aprender uma nova habilidade, as plantações ajudam na segurança alimentar dos detentos. Com a variedade de alimentos nas hortas, como tomate, alface e pimenta,  o projeto colabora com a nutrição saudável na unidade. “Os apenados só tinham acesso a alimentos ‘secos’. Agora eles têm acesso a hortaliças produzidas por eles mesmos. Aprendem e preenchem o tempo ocioso”, destaca Diogo Fernandes, servidor docente e atual coordenador da extensão. O excedente da produção é distribuído para as famílias dos apenados. 

Horta agroecológica na Cadeia Pública de Bananeiras_Imagem cedida pelo projetoCom os resultados positivos em Bananeiras, a extensão passou a ser desenvolvida na penitenciária do município de Solânea desde outubro de 2019. Estão sendo aplicadas as mesmas ações de plantio de hortas, mas com ênfase para produção de pimentas. As conservas já estão sendo engarrafadas, sob a supervisão do professor Gilsandro Costa e apoio de André Miguel, diretor da Cadeia Pública de Solânea. 

De acordo com a equipe da extensão, o projeto está à espera do Selo Estadual de Comercialização para começar a venda dos produtos em todo o estado da Paraíba. A expectativa é de que a renda gerada com venda das conservas e molho de pimenta seja revertida na manutenção no projeto e para outras necessidades dos beneficiários da ação.

Além da capacitação trazida para os detentos, o projeto também tem sido benéfico para os extensionistas. Waldilene Rodrigues, voluntária do projeto, aponta para as expectativas que passou a ter a partir da atuação no projeto.“É muito importante a aproximação da Universidade com essa comunidade. O projeto fez perceber que é nessa área social que quero atuar”.

Já Sérgio Sidnney, um dos idealizadores e também bolsista do projeto, destaca o histórico de familiares como agricultores sem terra própria e a solução apontada pelo projeto. “Vi na questão de aproveitamento dos espaços urbanos uma forma de trabalhar na agroecologia. Quando surgiu a ideia do projeto, vi que poderia unir o aproveitamento dos espaços urbanos à ressocialização”.

Produção de conservas de pimenta para a comercialização_Imagem cedida pelo projeto1

Produção de conservas de pimenta para a comercialização: Imagem cedida pelo projeto (2019)

Para Lucas Brás, coautor do projeto e atualmente mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo (PPGCS), participar da extensão possibilitou também o desenvolvimento de pesquisas na área da ecopedagogia e potencializou a sua formação acadêmica. Ademais, o discente destaca que o projeto proporciona mudanças significativas nas unidades prisionais. “São reflexos que vemos no bom comportamento, bem-estar, educação profissional e de trabalho para esses detentos”. 

O projeto “Hortas para a Liberdade” tem sido uma referência para a área de Justiça e Direitos Humanos na Extensão Universitária. Com isso, já recebeu o Prêmio Elo Cidadão 2017 e atualmente concorre à 17ª edição do Prêmio Innovare. As ações desenvolvidas pela extensão podem ser acompanhadas no Instagram (@hortas_para_a_liberdade).

 Reportagem de  Ana Lívia Macedo da Costa (Bolsista PROEX 2020). Editado por Comunicação PROEX

 

*No SIGAA, a extensão pode ser localizada com o título “Produção de alimentos como forma de ressocialização na Cadeia Pública de Solânea - PB”, a opção pelo nome “Hortas para a liberdade” é uma adaptação para englobar todas as atividades desenvolvidas pela equipe em diferentes unidades prisionais do interior da Paraíba.