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Caravana da Loucura e Cidadania
publicado: 01/06/2018 17h11, última modificação: 02/08/2018 20h45

Caravana da Loucura e Cidadania: onde você guarda sua loucura?

 

Ao longo da história a sociedade criou e reproduz discursos carregados de estereótipos e discriminações. Uma dessas reproduções é em torno da loucura e afeta as pessoas que comumente são tratadas de forma pejorativa, excluídas do convívio social e familiar, através de internações compulsórias.

Mas esse quadro está mudando, ainda que lentamente, e discussões sobre outro modo de falar sobre saúde mental estão acontecendo. Na UFPB, um espaço que pretende desconstruir as ideias pré-concebidas sobre a loucura é o projeto Caravana da Loucura e Cidadania: onde você guarda sua loucura? do Departamento de Ciências Jurídicas do Campus de Santa Rita. Elaborado com o objetivo de criar ações, dentro e fora da Instituição, para desmistificar os conceitos e as visões estereotipadas da sociedade sobre a loucura, o projeto é uma das ações contempladas pelo Edital UFPB no seu município – 2018.

Unindo arte e educação popular para trabalhar direitos humanos, a Caravana tem a ideia de ser “itinerante”, ou seja, de não ficar em um único lugar de atuação, mas circular pela cidade, sobretudo em espaços públicos. “A caravana dá essa noção de pessoas, coletivos que se reúnem e saem por aí ocupando os espaços”, disse Ludmila Correia, coordenadora e idealizadora do projeto.

Vinculado ao Grupo de Pesquisa e Extensão Loucura e Cidadania (LouCid), que existe desde 2012 na UFPB, o projeto pretende ampliar as discussões sobre a percepção da sociedade sobre a loucura e desconstruir as concepções do imaginário social com atividades culturais, intervenções, cineclubes e palestras, com a intenção de informar e ainda fortalecer a luta antimanicomial.

Oficina no CAPS Caminhar - imagem cedida por participante do projeto

De acordo com Ludmila, que também é docente no curso de direito, tradicionalmente, o tema foi abordado somente nas perspectivas da incapacidade, da periculosidade, da irracionalidade. Por isso, no projeto, a ideia é discutir a loucura sem a carga pejorativa e dessa forma contribuir para que seja incorporado na sociedade outro modo de enxergar a loucura. Nessa perspectiva, a equipe que forma o LouCid sentiu a necessidade de agregar o trabalho de outras áreas, como o teatro, o jornalismo, a enfermagem e a medicina, para assim ampliar as possibilidades de compreensão.

Um dos caminhos pensados pela equipe para abordar a temática é utilizar expressões artísticas, como explicou Daniel Assis, colaborador do projeto. “Eu acho que a arte propõe e provoca as pessoas a se sensibilizarem com o que é naturalizado, não questionado, inclusive com a própria noção de loucura e o revés aspecto ruim dela, que é a violência contra sua própria experiência de loucura”, declarou Daniel.

Para Rebeca Menezes, bolsista do projeto, a loucura ainda é um tabu porque não são possibilitados espaços para as pessoas discutirem o assunto. Os debates sobre a questão geralmente ficam restritos a academia, a Universidade e a projetos como esse. Assim sendo, o que o projeto propõe é levar esse espaço de discussão para a cidade, para que as pessoas possam desmistificar as relações com a loucura.

Trazendo à tona o debate sobre o estigma que marca as pessoas em sofrimento mental e a garantia dos seus direitos, o LouCid também forma os estudantes da instituição, influenciando acerca da responsabilidade social, da empatia e da humanização. Para Pedro Coelho, voluntário do projeto e estudante de psicologia, é importante esse tipo de trabalho dentro da Universidade.  “Muitos dos profissionais que vão trabalhar com saúde mental, que vão lidar com isso, estão sendo formados aqui”, disse o voluntário.

Atualmente o projeto é formado por alunos de seis cursos de graduação (direito, psicologia, serviço social, terapia ocupacional, jornalismo e teatro). As reuniões acontecem semanalmente na Sala de Extensão do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) Campus I da UFPB, onde estão sendo planejadas as ações que serão realizadas na cidade durante o ano.

O Projeto pode ser acompanhado pelas redes sociais: Instagram e página do Facebook, e quem se interessar pela temática pode entrar em contato para dar ideias de intervenções e também buscar um modo de participar do projeto por email: loucuraecidadania@gmail.com.

 

  * Reportagem de Larissa Maia - Bolsista da PRAC (2018)


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