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Sisan Universidades UFPB apoia distribuição de cestas básicas às Comunidades Tradicionais

O Projeto Sisan Universidades UFPB realiza pesquisa sobre Povos e Comunidades Tradicionais, de matriz religiosa afro-indígena - Jurema Sagrada
publicado: 06/08/2020 20h39, última modificação: 06/08/2020 20h41

O Sisan Universidades é um projeto de pesquisa e extensão executado por três Instituições Federais de Ensino Superior (IFE’s): Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).  Na UFPB o projeto é executado por meio da Incubadora de Empreendimentos Solidários vinculada ao Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa, Extensão e Ensino em Economia Solidária e Educação Popular (Incubes/NUPLAR). O projeto atua desde o ano de 2016 realizando: (1) atividades de apoio e assessoramento a 30 municípios paraibanos para constituição do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN); (2) apoio a ações do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional, do estado da Paraíba (CONSEA/PB); e (3) diagnósticos sobre as condições de (in)segurança alimentar de Povos e Comunidades Tradicionais (PCT’s). 

No que se refere ao diagnóstico sobre as condições de (in)segurança alimentar de PCT’s, o recorte dado à pesquisa realizada pelo Sisan Universidades UFPB foi entre os povos e comunidades de matriz religiosa afro-indígena, praticantes da Jurema Sagrada. A pesquisa cujos resultados tem previsão de divulgação em dezembro/2020 visa fornecer subsídios para que se concretize as políticas setoriais, a níveis estaduais e nacional, de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) voltada aos povos e às comunidades tradicionais, como preconizado no conjunto de políticas e propostas que formam os planos e sistemas de SAN.

A pesquisa já pôde indicar, através dos dados coletados,  a necessidade de se incluir os povos de terreiros em políticas públicas emergenciais.

A coleta de dados da pesquisa socioeconômica e cultural se deu na primeira quinzena do mês de março (antes do isolamento social ocasionado pela pandemia do Sars-Cov-2), junto às lideranças de 42 terreiros nos seguintes municípios: Alhandra, Bayeux, Conde, João Pessoa e Santa Rita. O processo de análise dos dados coletados se encontra em andamento, sendo já possível constatar que os povos de terreiro praticantes da Jurema Sagrada vivem em grave situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar e nutricional e, através do monitoramento dos dados da pesquisa, compreende-se que com a atual pandemia essa situação se aprofundou ainda mais. 

Em uma análise preliminar dos dados coletados, constatou-se que, no que se refere aos perfis socioeconômicos dessas lideranças, sua grande maioria está nas camadas mais populares, negros e negras, apresentam um baixo nível de escolaridade, desempenham atividades laborais em trabalhos não especializados e/ou empregos instáveis. Os dados iniciais mostram ainda que boa parte da amostra estudada, vive em condições habitacionais precárias, inclusive sem acesso à água de qualidade. Embora, dada a situação de vulnerabilidade, é importante destacar que as análises são iniciais, e trazem uma luz sobre um recorte populacional bem maior e muito heterogêneo.

Nesse sentido, a pesquisa já pôde indicar através dos dados coletados, em cunho extremamente emergencial, a necessidade de se incluir os povos de terreiros (com ênfase nos 42 terreiros estudados) em uma ação de distribuição de cestas básicas pela Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (SEMDH), estado da PB. Assim, no dia 07 de julho de 2020, com a intermediação do Professor Danilo Santos (UFPB), a SEMDH/PB entregou um total de 252 cestas básicas aos povos de terreiros praticantes da Jurema Sagrada, sendo distribuídas 6 cestas para cada um desses 42 terreiros estudados e monitorados pela pesquisa. 

Salienta-se, dessa maneira, a importância da ação promovida pelo estado da PB, considerando o aspecto emergencial, entretanto, é necessário fortalecer o conjunto macro de políticas de SAN a partir das experiências dos povos de terreiro contemplando suas peculiaridades e singularidades, pois para os PCT’s o alimento saudável é elemento fundante nas práticas e cotidiano dos povos de terreiro, tanto como fonte alimentar dos que ali residem, transitam e/ou são acolhidos, quanto para suas expressões religiosas.