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Professora ensina alunos a montar mapas texturizados e em braille

Os adolescentes utilizaram materiais como bolinhas, pedras, gravetos e algodão — para que, pelo tato, fosse possível diferenciar cada território.
publicado: 22/07/2019 11h17, última modificação: 22/07/2019 11h19

21/06/2019

Por Rafael Nascimento, para o portal Extra

Uma educação mais inclusiva. Esse foi o desejo que fez com que a professora Gabriela Costa, de 34 anos, pensasse "fora da caixinha" e propusesse um desafio a seus alunos, em uma escola particular na Pavuna, Zona Norte do Rio. O trabalho deste trimestre tinha como tema as "conquistas napoleônicas", conteúdo do oitavo ano do Ensino Fundamental, em que estudantes teriam que elaborar os mapas com territórios do imperador francês. A diferença é que os cartazes teriam que ser texturizados e também apresentar legendas e título em braille — para que deficientes visuais pudessem compreender as informações trazidas pelos adolescentes.

Num primeiro momento, contou a professora, alguns ficaram receosos com o desafio que tinham pela frente. Não durou muito tempo. A molecada, formada por alunos de 12 a 14 anos, abraçou a ideia e, após bastante esforço, apresentaram os trabalhos. Mais do que isso: ficaram muito orgulhosos do que realizaram, nas palavras da própria Gabriela.

— Neste trimestre, após abordarmos o tema de inclusão e necessidades especiais em sala de aula, para tentar compreender um pouco a realidade dessas pessoas, tive a ideia de dar acesso através de um conteúdo de Historia que normalmente tem uma abordagem mais tradicional — explicou a professora, que acrescentou: — No início não exigi o braille na legenda, mas percebemos que tinha o alfabeto no livro de ciências e os alunos encararam o desafio.

Os estudantes deixaram a imaginação rolar. Na elaboração dos mapas, os adolescentes utilizaram materiais como bolinhas, pedras, gravetos e algodão — para que, pelo tato, fosse possível diferenciar cada território. Além das legendas em braille. Na visão da professora, é importante incentivar a acessibilidade e também lidar com as diferenças, dentro de sala de aula.

— Não existe no currículo formal uma disciplina que aborde a temática da acessibilidade, ela, então, tem que ser feita de maneira transversal ao que está sendo trabalhado em sala de aula. Não é apenas importante, é essencial, pois se isso não for feito, não haverá outro lugar para que os alunos aprendam sobre estratégias de inclusão — disse a professora de história, que leciona em salas de aula há quatro anos. Nos outros sete de profissão, atuou em pesquisas históricas.

Gabriela contou que não tem alunos com necessidades especiais, mas argumenta que tarefas dessa natureza são importante para todos:

— Neste trabalho, o material não serve para incluir já que não tenho um aluno com esta necessidade, mas apresenta para comunidade escolar que estas estratégias existem e devem ser colocadas em prática — opinou ela. — Os mesmos alunos do oitavo ano já pediram para pensarmos em outro trabalho que atinja outras outros grupos. Vamos pensar.

Legendas: Reprodução/Facebook