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Lançamento do livro Mulheres do Campo sofre mudança de horário

O evento ocorrerá na próxima quinta (17) às 14 horas.
publicado: 15/08/2017 10h56, última modificação: 15/08/2017 10h56

O lançamento do livro Mulheres do Campo: identidade, políticas públicas e gênero, antes marcado para às 16 horas, sofre um adiantamento. O evento acontece na próxima quinta (17) a partir das 14 horas no Auditório do Departamento de Geociências, UFPB. A mudança foi realizada devido o horário antigo confrontar com a mesa "História da Educação: o nacional e o regional" parte integrante do IX Congresso Brasileiro de História da Educação.

O lançamento contará com a presença das organizadoras Amanda Marques e Patrícia Costa promovendo a apresentação e diálogo sobre a obra e faz parte da edição de agosto do Campus I do Café Geográfico.

Mulheres do Campo

Sobre o livro

O livro Mulheres do Campo: Identidades, políticas públicas e gênero, aborda as relações de poder existentes em assentamentos rurais, a participação de mulheres e homens no processo de luta pela terra, as dificuldades de acesso as políticas públicas, além dos problemas enfrentados por mulheres no cotidiano dos assentamentos rurais estudados e entre seus familiares.

É fruto de reflexões envolvendo grupos de pesquisas interdisciplinares, sendo financiado pelo CNPq, SPM/PR e MDA, por meio da Chamada MCTI/CNPq/SPM-PR/MDA Nº 32/2012. O encontro com as mulheres camponesas dos Estados de Sergipe e Alagoas proporcionou o conhecimento de ambientes rurais distintos em seus aspectos geográficos e agronômicos. No entanto, as formas de sociabilidades, subjetividades, desejos, necessidades, violências sofridas e identidades evidenciam semelhanças que dialogam também com o universo mais amplo das estruturas e lutas camponesas no Brasil.

Uma das contribuições do livro situa-se nos campos acadêmicos e de políticas públicas. Ressaltamos peculiaridades regionais e sociais, em um universo, no qual os assentamentos, concentram-se em municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano. Destacamos ainda que Sergipe e Alagoas são Estados que apresentam uma estrutura agrária desigual, em que a terra está concentrada nas mãos de grandes proprietários rurais, que se utilizam dessa porção do espaço para manter unidades agrícolas improdutivas, ou grandes complexos monocultores que necessitam de pouca mão de obra, em virtude do processo de mecanização.

O levantamento histórico da luta pela terra possibilitou uma análise estrutural do atual contexto dos assentamentos. Embora tenhamos estudado duas realidades geograficamente distintas, concluímos que do Sertão ao Litoral, o processo de luta e conquista dos territórios nos assentamentos se constituem como movimentos de resistência à grande propriedade monocultora, expropriadora e direcionada ao agronegócio.

Em ambas realidades, a construção do discurso midiático nos levaria a uma visão parcializada de seu contexto. Assim, os textos de jornais e revistas que pesquisamos foram importantes para atestarmos tais afirmações, como também, para situarmos a fala dos nossos interlocutores/as em um momento histórico específico. Esses veículos de informação se tornam propagadores de uma cultura de massa, em que a criminalização dos movimentos sociais permanece como destaque nas principais reportagens.

Ao tempo em que se vive o contexto do movimento social impregnado do antagonismo da luta de classe que se materializa em campos de disputas, como na mídia e no acesso à terra, vivencia- se uma outra temporalidade que não está desconectada da primeira: A do cotidiano nos assentamentos. Nela é experimentada o tempo da produção em pequena escala, em lugar da cana de açúcar, brota-se a esperança de constituição de um modelo mais equitativo, igualitário e comunitário. Ao invés de defensivos agrícolas, nasce do solo práticas agroecológicas com manejos mais sustentáveis.

A luta se faz na concretude de ações, mas também se metamorfoseia em desafios de permanência, em que mulheres e homens constroem um labor cotidiano de persistência e busca por melhorias em seus mecanismos de comercialização, acesso às políticas públicas, escolas do campo e programas de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER eficazes. No entanto, é necessário pontuar a necessidade de políticas públicas mais igualitárias, especialmente, em torno das questões de gênero no campo, já que as mulheres são as mais afetadas em relação à condição de pobreza. Assim, apontamos como meta necessária a criação de dispositivos que facilitem o acesso ao PRONAF-MULHER, programa voltado as Mulheres agricultoras integrantes de unidades familiares de produção, independentemente de sua condição civil. A existência do referido programa não tem garantido às mulheres que fazem parte do universo da pesquisa, o acesso ao mesmo.

Também destacamos que as mulheres que vivem no meio rural necessitam ter acesso a espaços de convivência que lhes proporcionem o conhecimento de direitos, o acesso à educação, e mecanismos que contribuam para resgate da autoestima. Lembramos que o debate sobre empoderamento feminino, necessita abarcar ações em torno das fragilidades subjetivas, construídas em ambientes de violências estruturais e institucionais, e que marcam as vidas dessas mulheres.