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Projeto ResisTO da UFPB trabalha com população LGBT de João Pessoa

Empoderamento, autonomia, independência e participação social da população LGBT. Essas são palavras-chave para compreender o objetivo do Projeto ResisTO, coordenado pela professora do curso de Terapia Ocupacional da UFPB, Iara Falleiros.
publicado: 20/04/2018 14h45, última modificação: 28/03/2022 11h24

Empoderamento, autonomia, independência e participação social da população LGBT. Essas são palavras-chave para compreender o objetivo do Projeto ResisTO, coordenado pela professora do curso de Terapia Ocupacional da UFPB, Iara Falleiros. Em seu segundo ano de atuação, o projeto de extensão trabalha, por meio de oficinas e palestras, temas sobre identidade de gênero, diversidade sexual e políticas públicas.

 No dia 7 de maio, o grupo realizará a roda de conversa Você no Centro: diálogos sobre o protagonismo trans e travesti, na sede do Centro de Cidadania LGBT da prefeitura de João Pessoa, parceiro do projeto. De acordo com Iara, a ideia é conversar com a população trans, principalmente homens trans, sobre empoderamento.

 “Em conversa com as psicólogas do Centro, elas apontaram que os homens trans têm muita dificuldade de se colocar na sociedade, até mesmo para buscar a retificação do nome social, que é um processo jurídico em que há a mudança no documento, muda-se o sexo e o nome”, explica.

 A primeira ação do Projeto ResisTO desse ano, ocorreu em 9 de abril, com uma roda de conversa com pessoas que caminhavam Parque Sólon de Lucena (foto) e também pessoas atendidas pelo serviço. “Conseguimos reunir 25 pessoas para dialogar sobre diversidade sexual e identidade de gênero. Muitas que estavam participando da roda não conheciam o Centro de Cidadania e não sabiam para o que servia. Então foi importante para chamar atenção para esse espaço”, avalia Iara Falleiros.

Encontro

A Terapia Ocupacional, explica a professora da UFPB, possui várias subáreas. O projeto que ela desenvolve parte de uma perspectiva social, utilizando-se de palestras e oficinas para trabalhar com a população em situação de vulnerabilidade social ou desfiliação. “A desfiliação ocorre quando se rompe a maioria dos vínculos de trabalho e relações pessoais. A gente entende que é uma população que é foco da terapia ocupacional”, avalia a professora.

O Projeto ResisTO conta com a participação de cinco alunos de graduação e duas terapeutas ocupacionais. No primeiro ano, as atividades estiveram mais voltadas para a comunidade acadêmica, que não é o público-alvo dessa nova etapa. No entanto, promover o intercâmbio entre a universidade e a população LGBT é um dos objetivos do trabalho. “Nossa ideia é que as pessoas LGBT venham para a Universidade, venham ocupá-la, falar sobre suas experiências e histórias, que sejam protagonistas dessas ações”, conta Iara Falleiros.

Para o coordenador do Centro de Cidadania LGBT, Roberto Maia, a recente parceria com o projeto ajudará no processo de diagnóstico da população em João Pessoa. “É muito interessante essa parceria, pois é bom ver a academia aproximar-se da política pública em si. Poder aliar a teoria, a prática e a gestão da política pública será bom para todos”, acredita.

Maia relata que é atendida uma média de 250 pessoas por mês no Centro. Na maioria, são pessoas da capital, mas também vem de cidades do interior e até de outros estados. Lá, são oferecidos serviços de psicologia, assistência social e jurídica, além do programa Transcidadania, que visa qualificar e inserir pessoas trans e travestis no mercado de trabalho.

“Para nós, o importante não é só que a pessoa consiga um emprego, mas que conquiste outros lugares nesse espaço”, avalia Maia. Para isso, as empresas parceiras passam por capacitações sobre como acolher pessoas trans em seu corpo de profissionais.

Violência

A população LGBT é uma das mais vulneráveis do País. De acordo com pesquisa do Grupo Gay da Bahia, até 10 de abril desse ano, já foram praticados 126 crimes violentos contra essa população no Brasil. Desses, 49 foram contra pessoas trans e travestis. “A vulnerabilidade dessa população é muito alta. Também temos nos preocupado com o aumento do suicídio entre pessoas LGBT”, afirma Maia.

 Além disso, a violência institucional também é uma constante para pessoas LGBT. Iara conta que já há conversas com outros serviços que atendem a população de rua da capital para que haja oficinas com os profissionais dessas áreas. “Vamos contemplar essa demanda ao longo do ano porque é importante que os profissionais desconstruam preconceitos para que essa população não sofra violência fora dos espaços mais protegidos, como o Centro”.

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O Centro de Cidadania LGBT de João Pessoa funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h, em frente ao Parque Solon de Lucena (Lagoa), no Centro da capital. O prédio fica localizado ao lado do Restaurante Popular.

Fonte: 
ACS | Lis Lemos