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Flor de Mandacaru atua em projetos junto a mulheres

publicado: 29/11/2019 16h55, última modificação: 16/12/2019 12h37

Há mais de dez anos na Universidade Federal da Paraíba, o Núcleo de Extensão Popular Flor de Mandacaru  (NEP) assessora comunidades, coletivos e movimentos marginalizados na Paraíba. Atuando em três frentes principais, conflitos territoriais urbanos e rurais, gênero e sexualidade e raça, o núcleo intervém a partir das demandas levantadas pelos movimentos.

O NEP acredita que gênero e sexualidade caminham juntos, por isso atua em uma frente única. “Quando um homossexual sofre violência, é porque não está fazendo o papel de gênero que lhe foi imposto”, afirma a estudante de Direito e extensionista do projeto, Maria Eloiza .

O Núcleo vem atuando em vários movimentos com esse caráter, como a Parada LGBT de João Pessoa, Movimento Espírito Lilás e o Movimento de Bissexuais Maria Quitéria. Nos primeiros anos de atuação trabalhou junto ao Sindicato das Domésticas e a Associação das Prostitutas da Paraíba. 

Tem se evidenciado no decorrer do projeto dificuldades para mobilizar as mulheres. Após as mobilizações recentes do Fórum das Mulheres da UFPB, o Núcleo relata uma nova perspectiva pelo menos dentro da universidade, a acessibilidade e frequência de espaços e momentos de diálogos para discutir, estudar e trocar experiência sobre as diversas temáticas das mulheres.  

Aspirando as próximas ações da frente de gênero e sexualidade, haverá ainda esse ano uma roda de diálogo sobre universitárias mães juntamente com o coletivo Pachamama. A ideia é promover um encontro para trocar experiências, entender o que a universidade tem feito por essas mulheres, além de promover uma ouvidoria jurídica.

Conflitos territoriais urbanos e rurais

Nessa frente, o objetivo é assessorar os movimentos que têm o território como sua luta. Atua em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com o qual conseguiram constituir  a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária. Atualmente, tem se aproximado do (MLB) Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, cujo último congresso ocorreu em Recife em setembro deste ano. 

O estudante de Direito e membro do NEP, Moises Ramon descreve a importância da troca de experiência com esses movimentos e comunidades. “É muito importante participar dessas rodas de diálogos, para sentir e enxergar o outro. É impressionante uma galera do movimento que não teve acesso a uma educação de qualidade, sequer terminou o ensino médio e cita a Constituição Federal decorada. A gente nunca pensa que vai estar levando conhecimento, é sempre uma troca.” 

Clara Duarte, estudante de Direito, assim como os demais extensionistas tem o entendimento de dar e receber como norteador das relações com os movimentos. “Nunca vamos chegar numa comunidade achando que estamos levando a verdade e ensinamentos para eles, é sempre uma ideia de troca, porque as vivências são diferentes.”

Raça

A frente de atuação mais recente é a de raça. Iniciada em 2018, ainda não possui uma rede de parceria sólida e estabelecida. Apesar disso, assessora as batalhas de rap em João Pessoa que foram alvo de repressão e violência policial no início deste ano.

“Nesse período de opressão cultural das comunidades periféricas, nos desdobramos fazendo calendário para acompanhar as batalhas em João pessoa, mas como agora não está mais rolando repressão policial como antes, estamos acompanhando a maior batalha da região metropolitana, que é a Batalha do Coqueiral em Mangabeira.” disse Maria Eloiza.

A assessoria parte por demanda, reunindo-se com o grupo ou representantes dos movimentos e a partir disso é que se dão os encaminhamentos e orientações. “Sempre partindo do ponto em que vamos caminhar juntos, procuramos instituições parceiras que possam ajudar no caso, e assim por diante.”, pontua Maria Eloiza.

Para além das frentes e campos de intervenções, o NEP preza pela horizontalidade das relações. “Eu me sinto muito feliz de participar do NEP porque é um lugar que me sustenta dentro do Direito. É muito difícil pra gente que não sabe como a universidade pública funciona, porque é uma realidade tão distante da nossa, que é do sertão, que é do interior, que é pobre. É um choque de realidade muito grande. O que me sustenta aqui, é ter um grupo de extensão que é mais que um grupo de extensão, é uma família, a gente pauta o amor, o cuidado”, afirma Maria Eloiza.

 

Gleyce Marques