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Mães lactantes pedem prioridade na vacinação contra a Covid-19

publicado: 01/06/2021 08h49, última modificação: 01/06/2021 08h49

O movimento Lactantes pela Vacina surgiu no início de maio deste ano, em Salvador (BA) e em pouco tempo alcançou o objetivo de aprovar a vacinação de lactantes com bebês de até 12 meses em todo o estado. A articulação se espalhou por todo o Brasil, principalmente pela internet. 

O sucesso chegou aos ouvidos de duas paraibanas, as mães Luna Rabay e Thaise Arina. A primeira o conheceu a partir de notícias e entrou em contato com o perfil nacional buscando informações sobre a iniciativa na Paraíba. Informada que não havia articulação no Estado, ela decidiu dar o primeiro passo, quando soube que Thaise já havia criado um perfil no Instagram. Juntas, elas deram o pontapé inicial para o Lactantes pela Vacina PB.

Na Paraíba, o movimento conta com uma comissão de oito mães de João Pessoa, Sousa, Bayeux e Patos e um grupo de comunicação para traçar as estratégias nas redes sociais. Além disso, elas possuem um grupo no WhatsApp com mães de todo o Estado que se dividem para entrar em contato com os representantes políticos e verificar se algum deles já se manifestou a favor do movimento. No grupo nacional, mães de todo o Brasil compartilham entre as coordenadoras de cada Estado os caminhos que seguiram até a conquista da vacinação.

As mães paraibanas já conseguiram alguns avanços e a rede de apoio entre os políticos cresceu na Assembleia Legislativa e Câmaras de Vereadores de diversos municípios. Na Assembleia, dois deputados apresentaram projetos de lei que estabelecem as lactantes como prioridade de vacinação. Outros cinco legisladores solicitaram ao governo estadual o reconhecimento do grupo como prioridade. 

Luna Rabay garante que a luta delas não vai furar a fila da vacina. “A gente não está querendo dizer ‘vamos nos vacinar antes de todo mundo’, estamos querendo dizer: ‘olhem para a gente como um grupo vulnerável’”, argumenta. Ela afirma que pretende continuar cobrando outros direitos, como a construção de mais creches de qualidade e uma licença maternidade mais justa. 

Desde a criação do perfil no Instagram, o Lactantes pela Vacina  viu o número de apoiadores crescer, contando com mais de 32 mil seguidores. O perfil paraibano, em pouco mais de duas semanas, já soma mais de 1500 seguidores. A causa também ganhou apoio nas redes sociais de várias personalidades como a jornalista e política Manuela D’Ávila e a atriz global Nathalia Dill, através da hashtag #lactantespelavacina. 

Mãe que amamentam na pandemia

O último domingo (23) foi marcado por um Mamaço Virtual, em que mais de sete mil mães de todo Brasil compartilharam fotos através da hashtag #MamaçoVirtual, amamentando suas crianças. Ele foi impulsionado pelo movimento das Lactantes pela Vacina para chamar atenção para o movimento. 

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta a vacinação para as lactantes, referente às vacinas Astrazeneca e CoronaVac. Para as mulheres em situação de risco, é recomendada a avaliação prévia do médico. Caso as lactantes decidam tomar a vacina, não é recomendado a suspensão do aleitamento.

Juntas, elas compartilham o mesmo sentimento: o medo de ter o filho contaminado ou de ser contaminada. Maria Rita Vasconcelos é designer de moda, dona de uma loja virtual e mãe há cinco meses. Desde que Israel nasceu, ela precisa continuar seu trabalho e sair de casa para comprar materiais para suas produções. 

“Me preocupa muito, principalmente, quando ele precisa vir junto. Às vezes as pessoas querem tocar, se aproximar e isso me deixa extremamente irritada. Também tem o fato que eu mesmo tenho que tocar nas coisas e  fico preocupada e aflita com medo constante, pensando: será que me contaminei?”, lamenta a designer. Segundo Maria Rita, no movimento ela se sentiu acolhida, respeitada e ouvida.

Para ela, engravidar na pandemia foi marcado por ansiedade, confusão e frustração por estar longe da família e amigos. Mas após o nascimento, tudo continua assustador, principalmente, por causa da falta de contato e afeto com as pessoas. Luna Rabay, uma das coordenadoras do movimento na Paraíba e mãe de Céu, de 1 ano e 3 meses, conta que apesar de ter passado a gestação em um período sem Covid, enfrentar a pandemia  com seu bebê não está sendo fácil. 

“Meu filho nasceu, mas depois começou a pandemia. Todas as vezes que alguém vinha ver ele ou eu pensava em ver um amigo, ver um familiar, eu já começava a imaginar ele entubado e eu parando de amamentar, ou eu sendo internada. Eu fui atrás de leis, para saber se eu ficasse internada, eu poderia ficar com ele e vice-versa. Porque isso me dava um desespero, ninguém sabia nada durante esse período”, relata. 

Passando por essas preocupações e incertezas, a vacinação é uma esperança para as mães e seus filhos. Pesquisas recentes mostram que anticorpos que atuam contra Covid-19 podem ser transmitidos através do leite materno. “Pensar que você poderia tomar uma vacina e proteger o seu filho, não dá para imaginar em como isso alivia a cabeça de uma mãe”, disse Luna Rabay.

Extensionista: Grace Vasconcelos | Edição: Lis Lemos