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Grupo de estudos debate autoras feministas dos EUA

publicado: 10/08/2020 11h30, última modificação: 10/08/2020 11h30

Alice Walker, Angela Davis, Audre Lorde, Gloria Anzaldúa e Kimberly Crenshaw: o que essas escritoras, teóricas e ativistas feministas estadunidenses têm em comum?

Elas são algumas das autoras cujas obras são lidas e estudadas no Grupo de Estudos sobre Crítica Feminista Estadunidense, ou apenas GRIFES. A ideia de criar o grupo surgiu de uma inquietação da professora de Letras da UFPB, Renata Gomes, ainda em 2018. Ela conta que ministrava a disciplina “Mulher e Literatura”, comum aos cursos de inglês, espanhol e francês, e sentia que faltava um espaço para discussões teóricas vinculadas a questões de gênero, sexualidade e raça.

“Como o feminismo é uma área transdisciplinar, trabalhamos com autoras que são filósofas, da área do direito, escritoras de ficção, poetas, ensaístas, jornalistas, entre outras. A gente trabalha, principalmente, com feminismo interseccional que é um conceito feminista criado pela Kimberly Crenshaw, para pensar os atravessamentos de gênero”, explica Renata

O conteúdo a ser estudado e debatido pelo grupo é organizado para todo o ano letivo inteiro. No entanto, no início de cada ciclo, as participantes podem trazer ideias de textos para serem trabalhados. Além de livros de autoria feminina, o grupo trabalha também com vários tipos de mídia, seja filmes, séries e até mesmo, quadrinhos.

Segundo a coordenadora, no último ciclo foram realizadas leituras de muitos quadrinhos e livros sobre as teorias, dando origem a dois Trabalhos de Conclusão de Curso baseados nas pesquisas do GRIFES. Renata afirma que esse é o objetivo do grupo: o incentivo a produção crítica, teórica e analítica, impactando a vida acadêmica de estudantes que participam dele.

“Eu vejo que um projeto como esse impacta, mesmo que de uma forma micro as pessoas que estão ao redor desse grupo. Além disso, o GRIFES tem um papel formativo na produção da crítica, produção teórica e analítica. Várias participantes já apresentaram trabalhos em congressos nacionais importantes sobre gênero. O grupo estimula a produção científica, analítica, sempre trabalhando com literatura e crítica”, explica Renata Gomes.

Para a aluna do curso de Letras Inglês e participante do grupo, Quéren Oliveira, o impacto de um ano de projeto em sua vida acadêmica já pode ser sentido. Segundo a estudante, quando chegou ao projeto, possuía pouco conhecimento sobre crítica feminista e pôde ter acesso a vários textos que ampliaram sua percepção e conhecimentos sobre questões de gênero e experiências feministas.

“O que eu mais gostei de trabalhar foram os textos de outras mulheres negras, como Alice Walker, bell hooks e Patricia Hill Collins, porque eu me identifico mais, porque eu sou uma mulher negra. Ter essa percepção que gênero, raça, classe, sexualidade criam experiências diversas, e que não há uma experiência feminina universal, mudaram bastante minha forma de agir, pensar e refletir sobre essas questões”, relata Quéren.

Para participar do projeto, é necessário ter o nível de inglês intermediário, pois muitos textos estudados não possuem tradução para o português, além de conhecimento prévio em literatura. Também é preciso ter disponibilidade para participar das reuniões de orientação, caso seja necessário, e reuniões do grupo para discussão das obras lidas. Na pandemia, esses encontros acontecem quinzenalmente.

O projeto segue o calendário da PROPESQ em um período que vai de agosto de 2020 até julho de 2021.As inscrições para o grupo de estudos para esse ciclo já se encerraram, e será reaberto no próximo ano.

Grace Vasconcelos | Edição: Lis Lemos