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Fale com a Parteira auxilia gestantes e puérperas durante pandemia

publicado: 29/07/2020 17h43, última modificação: 29/07/2020 17h43

No mês de abril, o Ministério da Saúde incluiu gestantes e puérperas no grupo de risco da Covid-19. Estudo realizado pela Fiocruz mostra que a taxa de mortalidade da Covid-19 de mulheres grávidas e puérperas, no Brasil, é 3,4 vezes maior que nos demais países. A pesquisa revela também que 124 mulheres já morreram em decorrência do vírus e a taxa de mortalidade de 12,7% já é a maior da história dessa população no país.

No entanto, desde o início da pandemia no Brasil, várias gestantes já tiveram seu pré-natal cancelado e suas consultas remarcadas para um período mais seguro. Muitas estão desde março sem contato médico e passariam boa parte da gestação sem receber orientações.

O Fale Com a Parteira é um projeto de extensão da UFPB que tem orientado mulheres gestantes nesse momento de distanciamento social. A ideia é oriunda de Pernambuco e, atualmente, se estende por mais de 13 cidades de todas as regiões do Brasil. Na Paraíba, teve início em abril deste ano, contando com a participação de 34 voluntários, entre eles, 19 enfermeiras obstetras, sete alunos de graduação e oito doulas e enfermeiros generalistas. Esse time atende todos os dias da semana, 24 horas por dia, a partir de uma escala.

“A ideia é ser um projeto de enfrentamento ao Covid-19, porque com esse trabalho a gente diminui o risco das mulheres ficarem muito tempo expostas ao serviço ou que elas procurem o serviço sem necessidade, sem uma necessidade real”, explica a professora de Enfermagem da UFPB e coordenadora do projeto, Waglânia Freitas.

Em quatro meses de trabalho, foram realizados mais de 316 atendimentos, sendo uma média de 2,5 pacientes por dia. De acordo com Waglânia, que é enfermeira obstetra, a ideia é impactar a vida dessas mulheres com conhecimento, por isso o lema do grupo é “o melhor remédio para uma boa gravidez é informação”.

Para a professora, a mulher deve estar “empoderada, saber o que está acontecendo, saber como conduzir a gravidez, fazendo o que chamamos de autogestão”. Waglânia acredita que com as informações corretas é possível evitar que a mulher seja levada a uma cesárea desnecessária e com risco de ser contaminada com o Covid-19.

O projeto também realiza rastreamento de síndromes gripais e sintomas da doença nas mulheres que entram em contato com a equipe. Caso haja atendimento de pacientes com Covid-19 positivo, a gestante é encaminhada para um hospital especializado. Além disso, os profissionais ensinam como lidar com os sintomas, os cuidados que se deve ter em casa para não ser contaminada e como não contaminar seus familiares.

Apoio

Uma das mulheres atendidas, Elzilene Roberto, 28 anos, moradora de João Pessoa, possui uma gravidez de risco e passou três meses sem conseguir realizar seu pré-natal. Ela conta que conheceu o projeto a partir de um programa de televisão e já estava realizando a segunda consulta com os voluntários.

“Foi uma experiência que eu nunca tive. às vezes a gente está com aquela dúvida, às vezes a gente não consegue acesso à enfermeira da USF (Unidade de Saúde Familiar) ou até um médico e, muitas das vezes, não tem como recorrer à um médico particular. E a gente falando com uma enfermeira obstetra, né? Tira muitas dúvidas e passa segurança.”, relata a paciente, Elzilene Freitas.

O atendimento é realizado através de um grupo no aplicativo de mensagens Whatsapp, em que a mulher é orientada com algumas instruções. Caso precise de informação, deve entrar no grupo e digitar “preciso de ajuda” e após o atendimento deve deixar o grupo. Isso é necessário, pois há um número limite de participantes e é preciso abrir espaço para que outras mulheres participem e o grupo não fique lotado. No entanto, a mulher é orientada a voltar quantas vezes precisar. Para entrar no grupo, é possível acessar o link disponível no Instagram do projeto: 

Grace Vasconcelos | Edição: Lis Lemos