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CoMu prioriza acolhimento às mulheres em situação de violência

publicado: 11/12/2020 11h44, última modificação: 11/12/2020 11h47

O atendimento à mulher em situação de violência é um desafio, sobretudo nos espaços institucionais. Quando não há a existência de locais específicos para esse acolhimento, as mulheres podem reviver as violências a que foram submetidas e também não terem os casos resolvidos. Na UFPB, o Comitê de Políticas de Prevenção e Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (CoMu) trabalha para reverter essa lógica e priorizar o acolhimento da vítima.

As mulheres que trabalham, estudam e convivem na UFPB têm na própria Universidade um espaço ao qual podem recorrer caso sejam vítimas de violência moral, psicológica ou física dentro e também fora do Campus A equipe multiprofissional do Comitê realiza um trabalho voltado para o acolhimento, enfrentamento, orientação e prevenção da violência em virtude do gênero.

Na CoMu, os atendimentos são realizados através dos setores de acolhimento e enfrentamento. No contato inicial, a escuta é feita por uma assistente social e, caso seja necessário dar seguimento à uma denúncia na Delegacia da Mulher ou a outro órgão especializado, a mulher é atendida para o setor de enfrentamento para encaminhamentos.

Como explica a assistente social da CoMu Joseane Leite, o Comitê tem um formato diferente ao que é visto em outros espaços. “O diferencial da CoMu está em realizar um atendimento humanizado, no qual a mulher não seja revitimizada, sem preconceitos ou discriminações de qualquer espécie, sem imposição de valores ou crenças pessoais”, afirma. “Buscamos estabelecer uma relação de confiança e de respeito à autonomia das mulheres, bem como garantir a necessária privacidade durante o acolhimento e sigilo das informações”, complementa Joseane que está à frente do Setor de Acolhimento.

“Nossa preocupação é de ser um espaço em que as mulheres se sintam seguras, acolhidas. Que elas saibam que seu atendimento é sigiloso e que a partir dali não estão mais sozinhas para enfrentar as violências institucionais”, garante a vice-coordenadora da CoMu, Lis Lemos.

Para a coordenadora da CoMu. Tatyane Guimarães, os princípios que norteiam a CoMu são a autonomia da mulher, a não revitimização, o diálogo aberto e um atendimento integral, que articula outros serviços da Universidade. Além disso, Tatyane destaca o papel fundamental de monitoramento das denúncias. 

"Ainda existe a ideia de que o que acontece na vida da mulher  não interessa à Universidade, mas isso não é verdade", defende Tatyane Guimarães

O relatório de gestão aprovado na II Plenária de Mulheres da UFPB, ocorrida em 27 de novembro, mostra que a maioria das mulheres que chega à CoMu não sofreu apenas de uma violência, mas foi submetida a diversas situações de agressão e desrespeito. Dentre esses registros, pode-se citar: violência psicológica (37%), violência física (13%),  violência moral (21,7%), violência sexual (15,2%), violência institucional, (50%), assédio sexual (15,2%), assédio moral (21,8%), ameaça (17,4%), coerção (4,3%), importunação sexual (2,2%).

Em 2019, a CoMu atendeu 29 mulheres. Já em outubro de 2020, esse número aumentou para 46 mulheres. Dessas, 72% são estudantes, 9% são técnica-administrativas, 7% são docentes e 11% são terceirizadas,. As mulheres atendidas estão em idade entre 18 a 49 anos.

Além do atendimento psicossocial

Paralelo aos setores que prestam atendimento direto às mulheres, o Comitê mantém também um setor de prevenção. Nesse setor, a comunicação é a principal ferramenta para o combate à violência. Seja através de matérias jornalísticas na página institucional, posts e vídeos nas redes sociais, os conteúdos desenvolvidos pela CoMu atuam em uma perspectiva feminista que serve de alerta para que as mulheres conheçam e busquem medidas de enfrentamento à violência.

A vice-coordenadora Lis Lemos enfatiza que essa comunicação também permite a parceria com outros espaços da Universidade: “É papel do setor de prevenção criar uma rede de articulação de projetos de extensão que trabalhem com mulheres. Dessa forma, conseguimos apoiar umas às outras e também visibilizar a CoMu, fazendo com que ela chegue ao maior número de mulheres”.  

Essa necessidade existe pois, como explica Tatyane Guimarães, a Universidade ainda é um espaço de reprodução de violências contra a mulher. “A CoMu dentro da Universidade sempre foi necessária, é necessária, e infelizmente vai continuar sendo necessária”, reflete.

Apesar de um cenário hostil quanto aos direitos das mulheres, a CoMu segue fazendo um trabalho que é referência para outras instituições federais do país na área de enfrentamento à violência contra a mulher.

 

Ana Lívia Macêdo | Edição: Lis Lemos