Você está aqui: Página Inicial > Contents > Notícias > App desenvolvido na UFPB calcula risco de violência contra a mulher
conteúdo

Notícias

App desenvolvido na UFPB calcula risco de violência contra a mulher

publicado: 14/08/2020 16h49, última modificação: 14/08/2020 16h49

Os números de violência contra a mulher têm crescido nos últimos anos. Prevenir e proteger as mulheres são medidas essenciais e, por isso, muitas pesquisadoras têm buscado soluções para coibir essa violação que vitimou 536 mulheres por hora no país, em 2018, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Um desses exemplos, é o aplicativo VCMulher, desenvolvido pela  enfermeira e pesquisadora da UFPB, Layza Deininger.  O app é voltado, principalmente, para profissionais de saúde que tenham contato com mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

O VCMulher surgiu do projeto de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Modelos de Decisão e Saúde da UFPB. A situação de violência das mulheres que chegavam às Unidades Básicas de Saúde  (UBS) preocupavam a enfermeira e a motivou para o desenvolvimento do app. “Por já ter trabalhado na Atenção Básica, sabemos que existe uma grande subnotificação. Os profissionais não realizam a notificação da violência e, muitas vezes, dizem não perceber ou não estar preparados para lidar com as mulheres em situação de violência”, conta Deininger.

Através de um questionário disponibilizado pelo aplicativo, as mulheres respondem sobre situações cotidianas, aspectos de qualidade de vida e de seu bem-estar emocional. Com base nas respostas da usuária, o software trabalha com variáveis estatísticas que determinam a porcentagem de risco dessa mulher já ter sofrido ou vir a sofrer violência. Os padrões determinam se esse risco é baixo, médio ou alto.

Para a pesquisadora, o aplicativo é de extrema importância para profissionais de saúde para que possam tanto identificar o risco da violência, como também instruir as mulheres sobre os cuidados nessas situações: “Os profissionais levam em consideração apenas a doença, o ferimento, o olho roxo e o braço quebrado. Por isso, é importante que identifiquem o risco e prestem assistência de qualidade à mulher”.

Na plataforma VCMulher também é possível acessar dados sobre a violência contra as mulheres e cartilhas de orientação a esses profissionais de saúde, oferecendo instruções de como lidar em situações de vulnerabilidade da mulher. Com essas informações, profissionais de saúde podem orientar sobre os serviços de suporte à mulher ou até mesmo notificar uma suspeita de agressão.

“Precisamos investir em tecnologia e mídias que deem suporte aos profissionais e às mulheres. Os profissionais devem cuidar e acolher. E as próprias mulheres, que são vitimas, precisam ser acolhidas depois que passam por inúmeras situações de sofrimento e humilhação”, defende a pesquisadora Layza.

Informação para a prevenção

Prevenir a violência contra as mulheres através da informação sobre os fatores de risco também é o que busca o Violentômetro. A cartilha do Tribunal de Justiça da Paraíba alerta sobre as situações que podem ser tornar agravantes para a ocorrência de crimes contra a mulher. O alerta mais grave, que inclui ameaças de morte e abuso sexual, instrui para que a mulher busque a ajuda de um profissional.

A psicóloga e doutoranda em Psicologia Social da UFPB, Tamyres Tomaz, reforça a importância de aplicativos como o VCMulher e a cartilha do Violentômetro. “A mulher que está em situação de violência, às vezes, só reconhece que está passando pela violência quando chega a consequências mais graves, por exemplo a violência física. Outros sinais apresentados são frases do tipo ‘você está muito gorda’ ou ‘ninguém vai te amar mais do que eu’, que são formas de manipulação do controle do comportamento da vítima. Para a mulher identificar esses sinais é muito difícil”, alerta sobre a importância de que pessoas do convívio daquela pessoa estejam atentas a indícios de violência.

Como defende a psicóloga Tomaz, “quanto mais mecanismos de alerta, mais informação para prevenção da violência contra a mulher”. Os dispositivos se tornam aliados a mais no combate à violência, mas não anulam a necessidade de acionar o poder público, com a Polícia Militar ou as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) para que o ciclo da violência seja rompido. 

 

Ana Lívia Macêdo | Edição: Lis Lemos