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Abrigo temporário acolhe mulheres em situação de violência

publicado: 04/08/2020 17h57, última modificação: 04/08/2020 17h57

Fique em casa! Essa foi uma das frases mais ouvidas neste período de quarentena. As pessoas foram aconselhadas a estarem em casa como forma de proteção ao Covid-19. Porém, essa recomendação não leva em consideração que para muitas mulheres isso pode significar o aumento da violência doméstica e familiar, com a convivência diuturna com os agressores.  

No intuito de oferecer um espaço de apoio para que mulheres em situação de violência possam permanecer por um período, foi criada na Paraíba uma casa abrigo provisória. A ação é fruto de uma parceria entre a Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana (Semdh) e o Instituto Avon. O local é sigiloso e terá suas atividades mantidas até setembro.

A secretária Lídia Moura explica que o local não funciona como um simples abrigo, mas que o objetivo principal é auxiliar as mulheres a quebrarem o ciclo de violência que estão vivendo. “O nosso modelo foi pensado para ir além de abrigar as mulheres. Foi criado para que possamos orientá-las, para que elas possam ser atendidas e acolhidas por uma equipe multiprofissional”. Lídia explica ainda que o abrigo provisório conta com uma equipe formada por assistentes sociais, psicólogas e arte educadoras.

Até o momento, mulheres de diversas cidades do estado já foram atendidas por esse serviço. A coordenadora da Patrulha Maria da Penha, Mônica Brandão afirma que as mulheres atendidas e encaminhadas por esse serviço passam antes por uma triagem. Com isso, é possível mapear qual a situação da mulher após a denúncia de violência.

“As mulheres, em muitos casos precisaram ficar na casa de um vizinho porque necessitaram sair de casa até que a medida protetiva fosse deferida. É nesse momento que a gente apresenta a possibilidade do abrigo provisório para elas”, informa Mônica Brandão.

O abrigamento provisório é ofertado por até duas semanas. Porém, ao final desse período, a equipe realiza uma análise de risco para compreender se a mulher tem condições de sair ou se precisa ficar por mais um tempo. Para a coordenadora da CoMu, professora Tatyane Guimarães, a casa de abrigamento provisório é essencial e não somente durante a pandemia.

 “A casa veio como algo muito importante nesse momento, mas entendo que ela deve ser parte de um equipamento permanente. Muitas vezes as mulheres em situação de violência doméstica precisam, por circunstâncias diversas, de um lugar temporário para a reorganização da dinâmica de suas vidas”, defende Tatyane. Para ela, ainda que seja temporária, a criação da casa foi acertada por oferecer um espaço para as mulheres nesse momento de pandemia.

 Para ter acesso ao abrigo, as mulheres podem ser encaminhadas pelos serviços de enfrentamento à violência contra mulher da Paraíba, como  as Delegacias Especializadas de Atendimento às Mulheres (DEAMs), o  Programa Patrulha Maria da Penha, entre outros. A casa provisória abriga mulheres com mais de 18 anos, cis ou trans, que estejam em situação de violência doméstica e também aquelas que estão com seus filhos e filhas.

 

Michelly Santos e Lis Lemos | Edição: Lis Lemos