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REVISTA PESQUISA FAPESP DIVULGA RESULTADOS DE TRABALHOS DE DOCENTES DO CCA/UFPB
Desde o século XVII, a interiorização da agropecuária no nordeste brasileiro, principalmente com práticas exploratórias do uso da terra, vem modificando a cobertura natural da vegetação semiárida. Mesmo que grandes áreas não sejam mais utilizadas para agricultura há décadas, as marcas da degradação florestal estão presentes em toda a região. "O maior problema está na visão da linha de base da capacidade produtiva da região", afirma o Prof. Helder Araujo, coordenador dos trabalhos divulgados pela Revista Pesquisa FAPESP. "Muitas áreas citadas atualmente como vegetação arbustiva nativa na Caatinga são, na verdade, um estágio de degradação florestal em que houve uma estabilização da sucessão natural, mesmo em áreas onde a exploração foi interrompida há décadas. Esse cenário dificulta o entendimento da capacidade produtiva natural do ecossistema, no qual era possível manter uma biomassa acima do solo expressivamente maior do que hoje, bem como manter serviços ecossistêmicos essenciais para a própria agropecuária, como retenção de solo, umidade do solo, decomposição de matéria orgânica no solo, polinização e controle natural de pragas".
Como a distribuição original da biodiversidade atual não pode ser explicada pela cobertura e uso atuais do solo na Caatinga, pesquisas conduzidas por docentes do CCA demonstram como deveria ser a distribuição original das florestas secas na região, qual o estado atual da distribuição da degradação florestal, como paisagens agrícolas produtivas e sustentáveis podem existir se a recuperação florestal e práticas agropecuárias adequadas forem implementadas e como essas paisagens agrícolas podem ser resilientes às mudanças climáticas. Essas pesquisas foram publicadas em periódicos internacionais como Scientific Reports, Land Use Policy e Mitigation and Adaptation Strategies for Global Change, e chamaram a atenção de jornalistas da revista Pesquisa FAPESP, que publicaram agora em janeiro a matéria "Ação humana transformou 89% da Caatinga".